sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Para que nunca se esqueça.


"Tenho 46 anos, e sou membro do NSDAP desde 1922; membro da SS desde 1934, e da Waffen SS desde 1939. Fui membro da Unidade de Guarda da SS, mais conhecida como Totenkopfvërband desde Dezembro de 1934. Fui administrador dos campos de concentração desde 1934, servindo em Dachau até 1938; Então como auxiliar em Sachsenhausen de 1938 a 5 de Janeiro de 1940, quando fui promovido ao posto de Comandante de Auschwitz.

Permaneci em Auschwitz desde 12 de Janeiro de 1943 e estimo que no mínimo 2,5 milhões de vítimas foram executadas e portanto exterminadas lá por envenenamento gasoso e carbonização, e no mínimo outras 500 mil sucumbiram à doenças e à inanição, totalizando assim aproximadamente 3 milhões de mortes. Esta cifra representa mais ou menos 70 ou 80% de todos os prisioneiros que para Auschwitz foram enviados, os demais foram seleccionados e usados para o trabalho escravo nas indústrias dos campos de concentração; inclui-se dentre os que foram executados aproximadamente 20.000 russos, prisioneiros de guerra que foram entregues em Auschwitz por oficiais da Wehrmacht, e nos transportes da mesma. O restante das vítimas inclui mais ou menos 10.000 judeus alemães e um grande número de cidadãos, maioritariamente judeus, da Holanda, França,Bélgica, Polónia, Hungria, Tchecoslováquia, Grécia e de outros países.

Nós executamos aproximadamente 400.000 judeus Húngaros em Auschwitz no verão de 1944. Execuções em massa através de envenenamento gasoso tiveram início durante o verão de 1941 e continuaram até 1944. Eu, pessoalmente, supervisionei tais execuções em Auschwitz até 12 de Janeiro de 1943, e sei o porquê de ter continuado em minhas funções, na superintendência dos campos de concentração, W V H A, nos quais tais execuções prosseguiram como declarado acima. Todas as execuções por envenenamento gasoso ocorreram sob ordens directas da RHSA (Reichssicherheitshauptamt), eram portanto de sua total responsabilidade. Sendo assim recebi todas as ordens de executar tais genocídios directamente da RSHA. A solução final da questão Judaica significou o completo extermínio de todos os Judeus na Europa.

Outro melhoramento que fizemos em relação ao campo de Treblinka, além do Zyklon B, foi termos construído cada uma de nossas câmaras com capacidade para acomodar 2.000 pessoas, enquanto em Treblinka cada uma de suas dez câmaras tinha capacidade de acomodar 200 pessoas. O modo como nós seleccionávamos nossas vítimas era a seguinte: Nós tínhamos 2 médicos da SS a serviço em Auschwitz, para examinar os prisioneiros recém-chegados. Tais prisioneiros seriam encaminhados para um dos doutores que faria rápidas considerações e decisões acerca do futuro do mesmo. Aqueles que eram compatíveis para o trabalho eram enviados para os campos, enquanto outros eram enviados imediatamente para as instalações de extermínio. Crianças eram invariavelmente eliminadas, pois suas idades as desabilitavam ao trabalho. Ordenaram-me estabelecer instalações de extermínio em Auschwitz em Junho de 1941. Naquele tempo já havia 3 outros campos de extermínio: Belzek, Treblinka e Wolzek. Tais campos estavam sob o Einsatzkommando da SD(Sicherheitsdienst). Visitei Treblinka para descobrir como executar tais extermínios. O Comandante do Campo de Treblinka contou-me que tinha conseguido liquidar 80.000 no curso de metade de um ano e que era encarregado do extermínio de todos os judeus do Gueto de Varsóvia. Ele usou monóxido de Carbono pra tal finalidade, mas não achei que seus métodos eram suficientemente eficientes. Então construí o complexo de extermínio e introduzi o Zyklon B, que era ácido prússico cristalizado. Tal ácido era lançado nas câmaras por um pequeno orifício. Nós sabíamos quando todos já haviam morrido, porque eles paravam de gritar, geralmente esperávamos mais ou menos meia hora antes de abrirmos as portas para remover os corpos. Depois de removidos, tínhamos de tirar os anéis dos cadáveres e extrair seus dentes de ouro.
Auschwitz-Birkenau

Outra benfeitoria em relação à Treblinka, foi que neste supracitado campo, a vítima já tinha conhecimento de que seria aniquilada, já em Auschwitz nós nos esforçávamos para enganar as vítimas, fazendo nas pensar que seriam submetidas a um processo de retirada de piolhos. É claro que frequentemente eles percebiam nossas reais intenções, e tínhamos portanto confusões e dificuldades, devido a este fato. Muitas vezes as mulheres escondiam seus filhos debaixo de suas roupas, mas nós os encontrávamos e mandávamos os mesmos para o extermínio. Tentávamos executar tais extermínios em segredo, mas o terrível e repugnante odor da contínua carbonização dos corpos permeava entre os que viviam em Auschwitz, a ideia do que lá ocorria.

Nós recebíamos de tempo em tempo prisioneiros especiais do gabinete da Gestapo. O médico da SS assassinava tais prisioneiros por injecções de Benzeno. Tais médicos tinham ordens para forjar certificados de óbito comuns e pôr nos mesmos quaisquer razões para todas as mortes. De vez em vez conduzíamos experimentos médicos em prisioneiras, incluindo esterilização e experimentos relacionados ao câncer. A maioria das pessoas que morriam nestas experiências já haviam sido condenadas à morte pela Gestapo.

A declaração acima é veraz, por mim ela foi feita voluntariamente, sem qualquer tipo imposição. Tenho assinando-a em Nuremberga, Alemanha, em 4 de Abril de 1946”. — Excerto do testemunho dado por Rudolf Hoss no Julgamento de Nuremberg.

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