Her, é um filme
notável, com um excelente argumento o qual nos faz pensar no futuro da nossa
sociabilidade. Até que ponto o mundo virtual chegará para colmatar as nossas
necessidades afectivas é o cerne da questão deste filme.
Dissertando um
pouco pela evolução tecnológica, hoje em dia somos bombardeados com novas
oportunidades de expandirmo-nos. Seja através de lugares de conversação online,
facebooks, porno-chachadas e afins, tudo tem uma nova dimensão no que toca ao
contacto humano. Tanta tecnologia, mas nem por isso, isso nos torna mais “humanos”
no conceito romantizado e literário. Vejo pessoas que se apaixonam por o mundo
de uma forma virtual, que correm para os telemóveis e computadores para ver
quem lhes fez like, quem está do
outro lado para poder falar ou até, quem sabe, apaixonar-se. É um rame-rame
constante de sons de alerta que disparam a toda a hora. Quem será desta vez que
quer contactar comigo? Uma foto bonita e dois dedos de conversa e as pessoas
(não generalizo, claro), mudam de curso de vida. Pergunto: Será isto a evolução
de todos nós. Terá tudo a tendência para a Entropia?
Será mais real um abraço,
ou um smile? Parece que toda a
diferença que possa existir nestes dois simples conceitos se dilui no tempo. Já
vi pessoas tristes por não receberem os likes
suficientes para o seu Ego. Leva-me a crer que há uma dependência da mão virtual
que nos afaga o Ego. Vivemos disto nestes tempos. Este filme fez-me pensar em
muitas coisas, mas fez-me ter uma “certeza” sobre o lado desumanizado em que
nos podemos tornar. Tornamo-nos sós, todos sós, mas rodeados de gentes com as
quais não queremos contactos.
Todos cheios de
sorrisos por receber simples like.
Utilizo aqui a palavra like, não que
tenha algo contra o Facebook, mas somente alusivo ao lado virtual do sistema do
filme.
Não faço juízos de
valor sobre quem depende para viver destes instrumentos saciadores de prazeres ocultos. Cada um é dono e senhor da sua vida,
mas este filme genial foca-se no amor que todos queremos sentir e que muitas vezes
só é possível através de uma inteligência artificial e não com uma pessoa real.
Seremos sempre
presas fáceis para qualquer sistema cuja inteligência só servirá para nos expor
as fragilidades e apoderar-se das nossas carências. Mas isso, deixar-nos-á
entretidos até ao fim da vida. Por muito que as pessoas pensem num mundo não
material, ou até mesmo cibernético, é esse mesmo material cósmico que nos torna
reais não o contrário.
Mas… Whatever
works.
Vale a pena ver. É muito bom!
Abreijos,
Vasco
Vasco