segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Timings e o Acaso.

Uns dizem que é o destino, mas para mim a vida é feita de timings sugeridos pelos acasos. Até aqui a palavra “sugerida” parece digna de deuses, mas não é mais do meu lado mais romantizado das interacções com o mundo. Todos os acontecimentos podem ter um simbolismo do tempo, seja o comboio que não se apanha e o qual devíamos ter apanhado, seja no gostar de alguém, fazer aquela coisa que sempre sonhámos, tudo é uma questão de timing para que aconteça.

Parece que é no alinhamento dos acasos que algo surge como a possibilidade, ou não, de acontecer o que realmente queremos nesse instante. “Ai se eu me tivesse levantado mais cedo da cama, teria apanhado o comboio certo.”; “ Que sorte que tive em não apanha aquele avião que se despenhou!”; “Eu devia ter-me apaixonado por ela agora, mas agora não sinto nada”. Assim se dão os desencontros da vida, entre a aceitação e a rejeição neste caminho sinuoso. Quem nunca gostou de alguém que não gostava de nós e depois, esse mesmo alguém, passou a amar-nos, e nós, distantes?

Agarramo-nos com tudo o que temos para viver numa situação impregnada de vontade e de sonhos. Parece que temos tudo dentro de nós para irromper nesse acaso, acertar as agulhas, fazer o tempo andar para trás para que tudo se alinhe. Uma luta hercúlea que nem mesmo o filho bastardo de Zeus, porá fim. O Cosmos que nos faz girar não se alinha e lutamos contra a força do acaso a toda a hora…

Neste acaso, embutido em todas as nossas vidas, cheias de estrelas e cometas que gravitam a velocidades estonteantes, suspiramos pelo “se”. Se fosse noutro tempo, se fosse noutro tempo, seria uma pessoa mais feliz, mas o “se” não é mais do que o tempo que não volta mais, é um abismo tão infinito e frio como o universo que habitamos. Nem mesmo um grito de ajuda chega à pessoa mais próxima, nem mesmo um amo-te chega para aquecer o coração. Os ponteiros do tempo com o acaso a rir-se de nós, continuam no tic-tac por toda a eternidade.

Como me disseram um dia; “Amanhã o mundo continua a girar”. Quem sabe se o acaso não me surpreende de uma vez por todas. 

Aqui há gato!

A queda do PSD e a vitória de um preso.

Penso que a maioria das pessoas não esperava tantas surpresas como nestas eleições autárquicas. Quem diria que o partido do táxi, quer dizer o CDS-PP, ganharia 5 câmaras e ainda regozijasse com a vitória de Rui Moreira na Câmara do Porto. Adoro quando os partidos que “nada” têm a ver com outras candidaturas se felicitam só porque têm um amigo, de um amigo, que sugeriu Rui Moreira para presidente da Câmara do Porto. Bem, mas isso faz o CDS-PP muito bem, aproveitando os louros dos outros para subir na vida política.

A segunda surpresa da noite, foi a desigualdade percentual entre PS e PSD. Não esperava uma diferença tão grande (PS – 36,5% | PSD – 26,5%), até penso que nem o secretário-geral do PS esperava que, mesmo perdendo alguns bastiões socialistas, podiam chegar a estes números. Gostei também da forma displicente como Pedro Passos Coelho falou aos Portugueses, mas sempre muito em linha com o “Estou-me lixando para as eleições”. É muito humano este rapaz.

A terceira surpresa: A queda do funchal para a esquerda. Foi o choque nacional, foi um anticiclone do camandro. O Jardimquistão acabava de levar 7 tiros no porta-aviões e, agora, prepara-se para ir ao fundo. É uma questão de ler os sinais. Claro que Alberto João Jardim veio logo dizer que a culpa é do PSD do continente. Adoro estas pessoas que nunca assumem as suas responsabilidades, mas até é compreensível para uma pessoa que teve que esconder as contas da Madeira do governo de José Sócrates. Mas que foi surpresa, foi.

Agora, e para acabar, pois o dia já vai longo, quero falar na Grande surpresa, na surpresa tão surpreendentemente surpreendente, que faria o pai natal passar despercebido caso aparecesse. Estou a falar na vitória de Paulo Vistas pelo concelho de Oeiras. Foi com pena minha – vivi 25 anos no concelho de Oeiras -, que vi o Sr. Paulo Vistas a enviar abraços para a prisão com saudade de Isaltino Morais.

De notar que Isaltino Morais está preso pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, num processo que se arrastava há perto de 10 anos mas, mesmo assim, ele foi a cabeça por detrás da campanha de Paulo Vistas e até o seu nome - Isaltino Morais - apareceu no púlpito no qual Paulo Vistas falou estridentemente sobre a sua vitória e no grande homem, corrupto, mas grande homem Isaltino Morais que até teve direito a rejúbilos em frente à sua nova residencial, a prisão.

Sempre ouvi dizer que a vida é muito irónica e não deixa de ser irónico o concorrente directo de Paulo Vistas ser o Sr. Francisco Moita Flores, um ex-PJ na área de investigação criminal. Só mesmo no Dartacão é que os bons ganham sempre. Perder as eleições para uma pessoa que é corrupta e está presa, é obra e é uma grande surpresa. O polícia perde para o ladrão.

- Moita Flores, esta foi pior que a tua sessão espírita na Televisão.


Aqui há gato!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Atrocidades humanas

Podiam ser os pais, mas não. São os maridos.
Lá venho eu explorar o Macaco Nu que teima em ser, como sempre foi. Uma notícia  - que me chocou -, fez-me crer que neste mundo o sentido de justiça está longe do nosso alcance e que, muito provavelmente, nunca será minimamente alcançada em países liderados por homens fanáticos e moralmente desinstruídos, sejam eles ou não religiosos. A História da Humanidade está repleta de vilões: Ivan o Terrível, que gostava de ver as pessoas a fritarem ou a cozerem em caldeirões, passando por Vlad, que empalava até mesmo a mais inocente criança. Finalizo com Idi Amin, um fervoroso adepto de matar pessoas com martelos. O mundo veio a habituar-se a todo o tipo de loucuras sem que com isso fizesse o que fosse, para meter fim às atrocidades humanas. Independente da idade, as mulheres sempre foram o alvo preferido dos sistemas castradores, como tal, é preciso salvaguardá-las da ignorância dos seus chefes de estado. Infelizmente não há na História da Humanidade qualquer invasão de países que matam pessoas por excisão, apedrejamento, violação, tráfico de crianças, mulheres, etc. Parece que todos os polícias do mundo (NATO, ONU) ficam cegos.

Hoje escrevo sobre uma menina de 8 anos que morreu na lua-de-mel, após o seu marido de 40, ter tido relações sexuais com ela. Morreu devido às extensas lesões no útero. Toda a notícia é repleta de incongruências: 8 anos, lua-de-mel, marido de 40 anos, relações sexuais. Para juntar mais lenha à fogueira, acresço o facto de que, a menina, foi vendida pelo pai.

Quero distanciar-me do meu lado ocidentalizado para não cometer erros de interpretação, mas não o consigo fazer pois sou um homem perto dos 40 e o qual gostaria muito de ter uma filha. Pergunto-me, em que nundo vivemos? Como tudo isto é possível sem que haja uma mente governativa que proíba este tipo de actos, ou até mesmo, uma autoridade internacional? São crianças que estão em jogo e que são subjugadas aos prazeres carnais de homens sem qualquer tipo de moralidade e, muitos deles, revestidos de poderes divinos. Independentemente de se tratar de um país que é mal visto pelo ocidente, o Yemen, este tipo de situações acontecem em toda a parte do mundo - por exemplo no Brasil algumas crianças perdem a virgindade aos 12-13 anos com homens acima dos 30. É nossa função apontar este tipo de casos, levá-los a debate, fazer com que este tipo de situações não aconteçam.  

Há quatro anos a lei no Yemen tentou ser alterada para que, o casamento só fosse possível com uma idade mínima de 17 anos tentando, na minha perspectiva, salvaguardar as crianças do sexo feminino, porém foi chumbada pelos parlamentares conservadores que consideraram a lei como sendo não-islâmica.

Independente da religião, possa ou não estar por trás das atitudes (a maioria das vezes está), as pessoas deviam ter uma clarividência moral intrínseca que lhes permitissem ter uma lei, mas que, acima de tudo, permitissem saber o que é moral fazer. Para que o simples vislumbre: "Não se pode vender crianças em obriga-las a ter relacionamentos", fosse uma realidade.

Voltando ao princípio, que futuro esperam dar às mulheres, no Yemem, Arábia Saudita, China, Índia, Quirguistão, etc, quando o simples facto de existirem é visto como um mal; um mal necessário?

Aqui há gato, não há?