terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Esta é a nossa Casa...

O Ser humano apareceu há pouco mais de 200 mil anos nesta Terra que habita o Universo há 4,5 mil milhões de anos. Desde os tempos do grande caldeirão de fogo e de uma atmosfera repleta de dióxido de carbono até ao oxigénio, muitos milhões de anos passaram e muitas alterações sofreu este pequeno ponto azul suspenso nesta imensa galáxia engolida num vazio. Nesse tempo a Terra com todos os seus inúmeros ecossistemas, tornou-se “una”, tudo ficou encadeado, o ar, a terra, o Sol, a água e fogo de mãos dadas até ao fim. Cada espécie tinha o seu lugar, nenhuma é nociva ou inútil.
Todas se equilibravam.

Com o aparecimento do Ser Humano e principalmente depois de 1950, o mundo nunca mais foi igual. O crescimento pós segunda guerra mundial, confinou-se ao crescimento económico tendo como base o carvão e o Petróleo. Nunca, até então, se consumiu tamanha quantidade dos mesmos. Hoje, com a necessidade crescente da Agricultura, desenvolveram-se petroquímicos que possibilitam fertilizar terrenos não-aráveis, como desparasitar as colheitas. Para isto tudo, são necessárias muitas toneladas de água e petróleo. Sabemos, hoje, que 70% de toda a água utilizada pelo ser humano, é para a agricultura e criação de gado. Esta agricultura megalómana não serve para matar a fome, mas sim, para a criação dos famosos biocombustíveis e alimentar o gado; gado esse que já não pasta, encontrando-se, agora, em campos de concentração bovino única e exclusivamente para alimentar as sociedades mais desenvolvidas a um ritmo avassalador e à custa de muita água (13000 litros por cada kg de carne). Nunca tivemos tanta abundância e diversidade de alimentos, porém a fome continua a matar milhões de pessoas todos os anos. Desgastamos os solos e muitas das vezes arruinamo-los devido ao abuso de pesticidas; estes, que entram pelos solos adentro e pelos lençóis de água subterrâneos. Contaminamos o ar, exploramos o subsolo, esvaziando a Terra das suas entranhas, somente para satisfazer as nossas exageradas e descabidas necessidades.


O Petróleo está no fim e Nós não queremos ver o seu fim. Tudo na nossa vida depende do ouro negro. Cada vez mais a necessidade de energia é maior, rápido, cada vez mais rápido abrimos a Terra à procura de minerais, gás, gemas e petróleo. Devastamos florestas à procura desses produtos, substituímos a flora por árvores da borracha (biocombustível) e eucaliptos (papel) que destroem toda a vegetação à volta e sugam toda a água dos solos. Os centros urbanos são cada vez maiores, com mais necessidades e ninguém pára para pensar um pouco no que estamos a fazer ao nosso planeta azul e com os nossos semelhantes, onde mil milhões de pessoas passam fome.


Enquanto não pensarmos que tudo está ligado, não existe grande esperança para todos nós e muito menos esperança para as gerações vindouras.
Vivemos num mundo onde se gasta 12 vezes mais em armamento do que em ajudar os países em vias de desenvolvimento, onde 5000 pessoas por dia morrem por não beber água potável enquanto mil milhões não têm qualquer acesso directo a água potável, onde mil milhões passam fome, onde 50% dos grãos/sementes são utilizados em biocombustíveis e na alimentação de gado; onde 40% das terras sofrerão danos irreversíveis devido ao abuso de petroquímicos; onde todos os anos 13 mil milhões de hectares de floresta desaparecem; onde as espécies de animais desaparecem 1000 vezes mais rápido do que o expectável; onde ¾ das zonas piscatórias estão praticamente esgotados; onde o efeito de estufa tem-se agravado derretendo mais de 40% dos calotes polares. Só que isto não passa na TV.

Existem estimativas que apontam para 200 milhões de pessoas refugiadas em 2050, devido às alterações climáticas. Em pouco mais de 100 anos, conseguimos alterar profundamente o legado que nos foi deixado por 4,5 mil milhões de anos da existência deste planeta. O custo das nossas acções é muito alto e muitos, nem envolvidos foram, vêem-se apanhados nesta bola de neve. A luta pela sobrevivência é grande e o ser humano não pode deixar de satisfazer as suas necessidades.

Aquilo que pergunto é o seguinte: Serão suficientes as ciências e a educação para inverter esta tendência, ou terá mesmo razão, Desmond Morris – autor do Macaco Nu -, que o ser humano tem um fundo biológico suicida? Valerá a pena trazer ao mundo um filho?


Não há lugar para pessimismos, eu sei, mas como se resolve um problema exponencial, cuja grande incógnita é o ser Humano? Aqui há gato!