Na última semana tenho assistido a algumas notícias que me parecem disparatadas.
Alguns cientistas -parece que os psicólogos agora são cientistas -, estão a
chegar à conclusão que a inteligência dos ateus é superior à inteligência dos
religiosos.
Não me parece
sério, nem justo, tentarmos medir essa coisa como a inteligência tendo como
base a crença ou não-crença de quem quer que seja. Medir a inteligência dessa
forma, seria a mesma coisa que medir a inteligência baseado no gosto das cores,
ou cor clubística. Ser crente, nada tem a ver com a inteligência teórica
(testada nos testes de QI), mas com um lado emocional de entender o mundo. Ser
crente é ser-se transcendente na inteligibilidade daquilo que, para eles, não é
material.
Sou Ateu, mas acima
de tudo sou uma pessoa racional. Como tal, não posso deixar de
discordar com este tipo de notícias e até duvido da qualidade estatística
destes testes. Tive um professor de Estatística que me ensinou uma lição muito
interessante sobre o co-relacionamento entre duas variáveis. Duas variáveis até
podem estar estatisticamente co-relacionadas, mas temos que analisar
primeiramente, se faz sentido, ou não, meter essas variáveis frente a frente e
principalmente, se as conclusões são lógicas. Neste caso em concreto, não me
parece. Caso isto vá para a frente, abrimos uma porta sem fim aos possíveis
disparates que a mente humana é capaz de imaginar. Seria nesse caso um acto de
pouca inteligência começarmos a comparar e a deduzir coisas que não fazem qualquer sentido.
Tenho Amigos
crentes. Muitos deles dão cartas nas suas respectivas áreas e certamente com elevados
QIs. Em muitas conversas sinto-me como o palhaço pobre desse enorme círculo de
amigos, no qual tento sempre aprender qualquer coisa. Não estou aqui a defender ninguém, mas simplesmente a discordar veemente deste tipo de notícias. Não os considero, de todo,
com menos capacidades comparativamente a outros Ateus que conheço. Até mesmo na
eterna luta de argumentos, religião vs Ateísmo, não vislumbro grandes
implicações na operacionalidade do dia-a-dia. Simplesmente, há argumentos que
não dão para rebater, pois cada um vê o mundo como quer; mediante a sua aculturação, formação, etc.
Não faz sentido segregar
o povo desta forma. A Matemática não devia ser utilizada para este tido de
interpretações. A inteligência varia e tem n-variáveis que a determinam – uma delas
é a genética, coisa que nada tem a ver com a crença-, mas duvido que uma delas seja
a religiosidade, até porque, como se pode medir o impacto de uma coisa na inteligência que não é
quantificável?
Será que quem usa
cuecas azuis, será mais inteligente de quem não usa cuecas? E quem é mais inteligente,
um Benfiquista ou um Portista? Quem tem um cão é mais inteligente comparativamente a quem tem um gato? Não faz sentido, pois não?
Aqui há gato.