O Ser humano apareceu há pouco
mais de 200 mil anos nesta Terra que habita o Universo há 4,5 mil milhões de
anos. Desde os tempos do grande caldeirão de fogo e de uma atmosfera repleta de
dióxido de carbono até ao oxigénio, muitos milhões de anos passaram e muitas
alterações sofreu este pequeno ponto azul suspenso nesta imensa galáxia
engolida num vazio. Nesse tempo a Terra com todos os seus inúmeros
ecossistemas, tornou-se “una”, tudo ficou encadeado, o ar, a terra, o Sol, a
água e fogo de mãos dadas até ao fim. Cada espécie tinha o seu lugar, nenhuma é
nociva ou inútil.
Todas se equilibravam.
Com o aparecimento do Ser Humano
e principalmente depois de 1950, o mundo nunca mais foi igual. O crescimento
pós segunda guerra mundial, confinou-se ao crescimento económico tendo como
base o carvão e o Petróleo. Nunca, até então, se consumiu tamanha quantidade
dos mesmos. Hoje, com a necessidade crescente da Agricultura, desenvolveram-se
petroquímicos que possibilitam fertilizar terrenos não-aráveis, como
desparasitar as colheitas. Para isto tudo, são necessárias muitas toneladas de
água e petróleo. Sabemos, hoje, que 70% de toda a água utilizada pelo ser
humano, é para a agricultura e criação de gado. Esta agricultura megalómana
não serve para matar a fome, mas sim, para a criação dos famosos
biocombustíveis e alimentar o gado; gado esse que já não pasta, encontrando-se,
agora, em campos de concentração bovino única e exclusivamente para alimentar
as sociedades mais desenvolvidas a um ritmo avassalador e à custa de muita água
(13000 litros por cada kg de carne). Nunca tivemos tanta abundância e
diversidade de alimentos, porém a fome continua a matar milhões de pessoas
todos os anos. Desgastamos os solos e muitas das vezes arruinamo-los devido ao
abuso de pesticidas; estes, que entram pelos solos adentro e pelos lençóis de água
subterrâneos. Contaminamos o ar, exploramos o subsolo, esvaziando a Terra das
suas entranhas, somente para satisfazer as nossas exageradas e descabidas
necessidades.
O Petróleo está no fim e Nós não
queremos ver o seu fim. Tudo na nossa vida depende do ouro negro. Cada vez mais
a necessidade de energia é maior, rápido, cada vez mais rápido abrimos a Terra
à procura de minerais, gás, gemas e petróleo. Devastamos florestas à procura
desses produtos, substituímos a flora por árvores da borracha (biocombustível)
e eucaliptos (papel) que destroem toda a vegetação à volta e sugam toda a água
dos solos. Os centros urbanos são cada vez maiores, com mais necessidades e
ninguém pára para pensar um pouco no que estamos a fazer ao nosso planeta azul
e com os nossos semelhantes, onde mil milhões de pessoas passam fome.
Enquanto não pensarmos que tudo
está ligado, não existe grande esperança para todos nós e muito menos esperança
para as gerações vindouras.
Vivemos num mundo onde se gasta
12 vezes mais em armamento do que em ajudar os países em vias de
desenvolvimento, onde 5000 pessoas por dia morrem por não beber água potável
enquanto mil milhões não têm qualquer acesso directo a água potável, onde mil
milhões passam fome, onde 50% dos grãos/sementes são utilizados em
biocombustíveis e na alimentação de gado; onde 40% das terras sofrerão danos
irreversíveis devido ao abuso de petroquímicos; onde todos os anos 13 mil
milhões de hectares de floresta desaparecem; onde as espécies de animais
desaparecem 1000 vezes mais rápido do que o expectável; onde ¾ das zonas
piscatórias estão praticamente esgotados; onde o efeito de estufa tem-se
agravado derretendo mais de 40% dos calotes polares. Só que isto não passa na TV.
Existem estimativas que apontam
para 200 milhões de pessoas refugiadas em 2050, devido às alterações
climáticas. Em pouco mais de 100 anos, conseguimos alterar profundamente o
legado que nos foi deixado por 4,5 mil milhões de anos da existência deste planeta.
O custo das nossas acções é muito alto e muitos, nem envolvidos foram, vêem-se
apanhados nesta bola de neve. A luta pela sobrevivência é grande e o ser humano
não pode deixar de satisfazer as suas necessidades.
Aquilo que pergunto é o seguinte:
Serão suficientes as ciências e a educação para inverter esta tendência, ou
terá mesmo razão, Desmond Morris – autor do Macaco Nu -, que o ser humano tem um
fundo biológico suicida? Valerá a pena trazer ao mundo um filho?
Não há
lugar para pessimismos, eu sei, mas como se resolve um problema exponencial,
cuja grande incógnita é o ser Humano? Aqui há gato!