quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Portugal dos Metralhas

Já dizia Abraham Lincoln; “ Se quiseres pôr à prova o carácter de um Homem, dá-lhe poder”. A nossa classe política e a nata da economia têm feito deste país uma profunda amálgama de fraudes e compadrios. Este governo é o exemplo máximo de que, o poder político anda abraçado aos amigos do dinheiro e se, por acaso falhar alguma coisa de um lado, o contribuinte é chamado como um bombeiro se tratasse – com muito respeito que tenho pelos bombeiros -, para apagar o fogo posto por brincadeira.

A minha memória de peixe de aquário, não se lembra de tudo, mas nestes anos de governo, assisti a algumas coisas que, aqui e ali, revelaram o caracter de todos os intervenientes. Começo pelo meu “ódio” de estimação; Paulo Portas, o senhor irrevogável que como bebé chorão fez a birra para subir para número dois do governo do PSD.

Assistiu-se de tudo um pouco, inúmeros orçamentos rectificativos, ondes as contas nunca batiam certo. O governo nunca acertou num número de previsão, mas o mestre Gaspar com toda a sua calma e incompetência lá caiu, mas para director do Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI. Não deixa de ser irónico, uma pessoa que não consegue fazer um orçamento de estado que não seja alvo de uma rectificação e controvérsia, salte para um poleiro que tem um nome de “orçamentais do FMI”. Engraçado, também, ver que a instituição que mais pressão fez no País – FMI -, seja a casa que recebe o arquitecto da implementação das medidas da Troika. Faz lembrar os políticos que fecharam contractos principescos com as famosas PPPs e depois foram para CEOs (adoro esta pomposa sigla) dessas mesmas empresas.

Lá vieram as privatizações de empresas estratégicas como a EDP à China Three Gorges, depois a REN aos Chineses da State Grid e aos Árabes da Oman Oil Campany, a Caixa Seguros, seguradoras do grupo Caixa Geral de Depósidos, à Fosun Internacional, também uma empresa Chinesa. Agora está na calha a TAP Portugal. Estamos a vender tudo, mas o que interessa é que o dinheiro lá vai entrado. Não se sebe o que custará depois, mas isso também será um problema não deste governo, mas do outro que aí venha.
Entra-se na moda em salvar os bancos em vez dos estaleiros de Viana ou de outras empresas que contribuem para o PIB. Foi o BPP do senhor  Rendeiro, o BPN de uma maior quadrilha encabeçada por Oliveira e Costa. Senhor que se riu na comissão de inquérito por todas as falcatruas que fez e de como as perpetrou. Agora é o caso do BES, do Novo Banco, do banco mau e da família Espirito Santo. Tudo bons rapazes que no fim serão intocáveis fazendo lembrar o filme, o Bom, o mau e o Vilão.

O estado salva todos os seus amigos e, se não é o estado, há sempre um Granadeiro a meter à revelia dos seus accionistas, 900 milhões na RioForte do grupo GES. Uma mão lava a outra e os favores de outros tempos, mais tarde ou mais cedo, têm de ser pagos. Lá vai por água abaixo, a fusão da PT com a OI, mas o Estado não vê problemas e culpabiliza, segundo Pires de Lima (o senhor que foi contra a austeridade e contra este governo e depois a convite do mesmo, lá se sentou no poleiro), o PS de toda a desordem na PT. Fecham-se umas lojas, despedem-se algumas pessoas, vende-se uns activos e vende-se aos Franceses, será esta a solução.
Vamos ver como a justiça se porta, para julgar a nata deste país que faz todas as fraudes e tropelias e parecem ainda rir-se de nós todos. O Citius não ajuda, é certo, mas é o que há. A aguerrida ministra da Justiça ainda não viu o que fez e, tal como o governo, sempre arranja uma desculpa atrás de desculpa. A educação nunca viu tamanha trapalhada, mas Nuno Crato, ainda se mantem no governo. Não há vergonha na cara e ao estilo de Paulo Portas, lá ficou. Eles são todos escolhidos a dedo.
Deixo de fora a ministra das finanças e o ministro da Saúde, pessoas que, para mim, são acima da média neste governo tricéfalo.

Assim anda este Portugal, onde a múmia nada faz, nem fez, para meter em ordem o governo. Antevejo um tombo, não da cadeira para acabar com este circo, mas nas próximas eleições. A coligação, não ganhará nos próximos 10 anos as eleições e com sorte o PP deixará de ser o partido do táxi e sairá do mapa.

Como foi possível chegarmos ao ponto de nos rebaixarmos a essa coisa chamada Mercados, ao FMI, BCE, Troika e a José Eduardo dos Santos e sua filhota. Parece que o sobrinho deste está a ser investigado por branqueamento de capitais. Talvez se safe, depois de se ter safo de um processo de tráfico de mulheres. Mas como foi possível? Gostamos tanto de nos comparar com os outros países, mas a Espanha não fez nada, a Franca já chamou “ de loucos” os Troikianos e para Italia, são mais é pizzas.

Chego ao fim, pois já me alonguei, finalmente com um vislumbre comparativo da realidade Portuguesa. O país todo está como Miguel Relvas. Vive das aparências. Não interessa que o défice não seja cumprido depois de toda a austeridade, ou que a taxa de desemprego aumente (parece que o estado esqueceu-se dos inúmero emigrantes que temos hoje em dia e que há milhares de pessoas que não fazem já parte dos centros de emprego), ou que os buracos financeiros feitos pela banca sejam pagos pelos contribuintes, os cortes salariais, o corte constante nas acções sociais, etc. Somos como Miguel Relvas, o que interessa é passar a ideia de honestidade e de bons alunos, nem que para isso seja preciso “comprar” 32 cadeiras e mandar para a miséria 20% da população. É preciso mostrar ao mundo que somos pobres mas honrados nas nossas contas. A vida das pessoas é secundária. Como dizia Ulrich, “Ai aguentam, aguentam muito mais.”

Bem, no fundo, todos os irmãos metralhas se safam e se não se safarem há sempre um barco pronto para ir até cabo Verde ter com o Dias Loureiro e por lá ficar com uma conta offshore. Há sempre fuga, não é? Só não há para o contribuinte.
Fechando como comecei, estes são os homens de carácter do nosso País.

Ai Portugal, Portugal! Aqui há gato.