Já
dizia Abraham Lincoln; “ Se quiseres pôr à prova o carácter de um Homem, dá-lhe
poder”. A nossa classe política e a nata da economia têm feito deste país uma
profunda amálgama de fraudes e compadrios. Este governo é o exemplo máximo de
que, o poder político anda abraçado aos amigos do dinheiro e se, por acaso
falhar alguma coisa de um lado, o contribuinte é chamado como um bombeiro se
tratasse – com muito respeito que tenho pelos bombeiros -, para apagar o fogo
posto por brincadeira.
A
minha memória de peixe de aquário, não se lembra de tudo, mas nestes anos de
governo, assisti a algumas coisas que, aqui e ali, revelaram o caracter de
todos os intervenientes. Começo pelo meu “ódio” de estimação; Paulo Portas, o
senhor irrevogável que como bebé chorão fez a birra para subir para número dois
do governo do PSD.
Assistiu-se
de tudo um pouco, inúmeros orçamentos rectificativos, ondes as contas nunca
batiam certo. O governo nunca acertou num número de previsão, mas o mestre
Gaspar com toda a sua calma e incompetência lá caiu, mas para director do
Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI. Não deixa de ser irónico, uma
pessoa que não consegue fazer um orçamento de estado que não seja alvo de uma
rectificação e controvérsia, salte para um poleiro que tem um nome de
“orçamentais do FMI”. Engraçado, também, ver que a instituição que mais pressão
fez no País – FMI -, seja a casa que recebe o arquitecto da implementação das
medidas da Troika. Faz lembrar os políticos que fecharam contractos
principescos com as famosas PPPs e depois foram para CEOs (adoro esta pomposa
sigla) dessas mesmas empresas.
Lá
vieram as privatizações de empresas estratégicas como a EDP à China Three
Gorges, depois a REN aos Chineses da State Grid e aos Árabes da Oman Oil
Campany, a Caixa Seguros, seguradoras do grupo Caixa Geral de Depósidos, à
Fosun Internacional, também uma empresa Chinesa. Agora está na calha a TAP
Portugal. Estamos a vender tudo, mas o que interessa é que o dinheiro lá vai
entrado. Não se sebe o que custará depois, mas isso também será um problema não
deste governo, mas do outro que aí venha.
Entra-se
na moda em salvar os bancos em vez dos estaleiros de Viana ou de outras
empresas que contribuem para o PIB. Foi o BPP do senhor Rendeiro, o BPN de uma maior quadrilha
encabeçada por Oliveira e Costa. Senhor que se riu na comissão de inquérito por
todas as falcatruas que fez e de como as perpetrou. Agora é o caso do BES, do
Novo Banco, do banco mau e da família Espirito Santo. Tudo bons rapazes que no
fim serão intocáveis fazendo lembrar o filme, o Bom, o mau e o Vilão.
O
estado salva todos os seus amigos e, se não é o estado, há sempre um Granadeiro
a meter à revelia dos seus accionistas, 900 milhões na RioForte do grupo GES.
Uma mão lava a outra e os favores de outros tempos, mais tarde ou mais cedo,
têm de ser pagos. Lá vai por água abaixo, a fusão da PT com a OI, mas o Estado
não vê problemas e culpabiliza, segundo Pires de Lima (o senhor que foi contra
a austeridade e contra este governo e depois a convite do mesmo, lá se sentou
no poleiro), o PS de toda a desordem na PT. Fecham-se umas lojas, despedem-se
algumas pessoas, vende-se uns activos e vende-se aos Franceses, será esta a
solução.
Vamos
ver como a justiça se porta, para julgar a nata deste país que faz todas as
fraudes e tropelias e parecem ainda rir-se de nós todos. O Citius não ajuda, é
certo, mas é o que há. A aguerrida ministra da Justiça ainda não viu o que fez
e, tal como o governo, sempre arranja uma desculpa atrás de desculpa. A
educação nunca viu tamanha trapalhada, mas Nuno Crato, ainda se mantem no
governo. Não há vergonha na cara e ao estilo de Paulo Portas, lá ficou. Eles
são todos escolhidos a dedo.
Deixo
de fora a ministra das finanças e o ministro da Saúde, pessoas que, para mim,
são acima da média neste governo tricéfalo.
Assim
anda este Portugal, onde a múmia nada faz, nem fez, para meter em ordem o
governo. Antevejo um tombo, não da cadeira para acabar com este circo, mas nas
próximas eleições. A coligação, não ganhará nos próximos 10 anos as eleições e
com sorte o PP deixará de ser o partido do táxi e sairá do mapa.
Como
foi possível chegarmos ao ponto de nos rebaixarmos a essa coisa chamada
Mercados, ao FMI, BCE, Troika e a José Eduardo dos Santos e sua filhota. Parece
que o sobrinho deste está a ser investigado por branqueamento de capitais.
Talvez se safe, depois de se ter safo de um processo de tráfico de mulheres.
Mas como foi possível? Gostamos tanto de nos comparar com os outros países, mas
a Espanha não fez nada, a Franca já chamou “ de loucos” os Troikianos e para
Italia, são mais é pizzas.
Chego
ao fim, pois já me alonguei, finalmente com um vislumbre comparativo da
realidade Portuguesa. O país todo está como Miguel Relvas. Vive das aparências.
Não interessa que o défice não seja cumprido depois de toda a austeridade, ou que
a taxa de desemprego aumente (parece que o estado esqueceu-se dos inúmero
emigrantes que temos hoje em dia e que há milhares de pessoas que não fazem já
parte dos centros de emprego), ou que os buracos financeiros feitos pela banca
sejam pagos pelos contribuintes, os cortes salariais, o corte constante nas
acções sociais, etc. Somos como Miguel Relvas, o que interessa é passar a ideia
de honestidade e de bons alunos, nem que para isso seja preciso “comprar” 32
cadeiras e mandar para a miséria 20% da população. É preciso mostrar ao mundo
que somos pobres mas honrados nas nossas contas. A vida das pessoas é
secundária. Como dizia Ulrich, “Ai aguentam, aguentam muito mais.”
Bem,
no fundo, todos os irmãos metralhas se safam e se não se safarem há sempre um barco
pronto para ir até cabo Verde ter com o Dias Loureiro e por lá ficar com uma
conta offshore. Há sempre fuga, não é? Só não há para o contribuinte.
Fechando
como comecei, estes são os homens de carácter do nosso País.
Ai
Portugal, Portugal! Aqui há gato.