terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Momentos que a morte traz

Como escreveu na pedra a poetisa Safo de Lesbos; “ Se a morte fosse um bem, os deuses não seriam imortais.”. Ficamos cientes do medo que clandestinamente vive dentro de todos nós. Se os deuses não morrem, tal acontecimento não pode ser bom. Sendo algo a temer, é algo que só os que cá ficam têm que lidar. Com a morte eleva-se o sentimento adormecido de compaixão e a racionalidade da compreensão. Tomamos as palavras do morto como nossas, as suas vivências passam a ser contadas na primeira pessoa, choramos e rimos filtrados pela vida de quem já não se encontra no mesmo tempo e no mesmo espaço.

É a morte que limpa a alma de quem fica e desloca-nos para o lugar certo neste universo que, vezes e vezes sem conta, tentamos desafiar por pura soberba. Passamos a estar atentos ao nosso interior e aos que irredutivelmente amamos, nem que seja por breves instantes. Escalpelamos todos os porquês do desdouro, tomando a dor do defunto que, inerte, porfiamos dar vida em nós. É este o sentimento-maior que o ser humano tem: Sentir que o que jaz, ainda vive através das palavras e das suas histórias que, tão prematuramente como a sua morte, se tornam nossas para sempre.

Espoliamos literalmente quem num caixão eternamente habitará e, este acto inconsciente torna-se o mais altruísta: Salvar a memória de quem já não a pode salvar. A Morte ensina-nos que o Amor existe, perdoa mais do que vinga, partilha mais do que reserva e oferece o melhor de nós aos que, com dor, viverão até ao seu fim com as memórias de quem já partiu, sempre com a saudade de um último abraço.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A bola de Ouro, patriotismos à parte.


Faltam poucas horas para a atribuição do tão famoso e polémico trofeu. A bola de ouro, que distingue o jogador de eleição do ano passado imortalizará esse jogador para todo o sempre enquanto houver o futebol. Ora as escolhas recaem sobre 3 nomes sonantes do futebol mundial: Cristiano Ronaldo, Messi e Ribéry. 

Sou português, é certo, mas acima de tudo considero-me uma pessoa “imparcial” ao analisar os factos. Ser o melhor jogador do mundo é uma definição muito vaga, pois não se sabe que tipo de requisitos os jogadores têm que possuir para o serem. Marcar muitos golos, terem as fintas mais exuberantes, ser um grande atleta, ter um talento nato, marcar mais golos, ganhar títulos, podiam ser uns desses requisitos, e certamente o serão. 

Cristiano Ronaldo é sem dúvida um fenómeno em todos os aspectos. Não é só um jogador extraordinário, ele é a definição física de atleta de alta competição. No campo faz sempre estragos com os seus remates, fintas e posicionamentos. Quem não gostava de ter o CR7 na sua equipa lá do bairro? Marcou 69 golos que, para um jogador que joga nas alas, são números do outro mundo. 69 golos, caramba, que máquina! 

Depois há Messi. Parece que nem precisa de treinar. É um talento que me faz lembrar Maradona. Um criativo nato em que “ninguém” lhe tira a bola dos pés e todo o futebol do Barcelona passa pelo seu esquerdo. É uma maravilha também vê-lo jogar. É muito rápido no drible, para ser verdade.

Deixei para o fim o menos candidato, potencialmente falando. Digo isto, porque não tem a projecção que as outras estrelas têm, começando logo pelo futebol onde habita. O futebol Alemão não tem o mediatismo do futebol Espanhol e não passa com grande frequência na SporTV, mas estamos a falar de um jogador que mesmo marcando a terça parte dos golos de CR7, ganhou tudo o que havia para ganhar pelo clube. Desde o campeonato Alemão, passando pela liga dos campeões, até ao campeonato de mundo de clubes, Ribéry esteve sempre na equipa, mostrando-se como o “maestro”. 

Penso que não podemos fechar os olhos a este facto. Que os melhores do mundo não podem ser só os virtuosos, mas os que fazem com que os títulos apareçam com muito trabalho. As selecções de todos estes intervenientes estão no mundial deste ano. logo este facto não pode decidir o que quer que seja, pelo que, e pela minha justiça penso ser justo (passo a redundância) a atribuição deste prémio a Ribéry.

Claro que se ele ganhar vai toda a gente cair em cima de Michel François Platini com as inúmeras teorias da conspiração, mas apelo à análise dos factos.

Sinto muito portugueses, mas não estaria a ser honesto comigo mesmo, se dissesse o contrário.

Aqui há gato.