segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A inteligência, as cuecas, os crentes e os ateus.

Na última semana tenho assistido a algumas notícias que me parecem disparatadas. Alguns cientistas -parece que os psicólogos agora são cientistas -, estão a chegar à conclusão que a inteligência dos ateus é superior à inteligência dos religiosos. 

Não me parece sério, nem justo, tentarmos medir essa coisa como a inteligência tendo como base a crença ou não-crença de quem quer que seja. Medir a inteligência dessa forma, seria a mesma coisa que medir a inteligência baseado no gosto das cores, ou cor clubística. Ser crente, nada tem a ver com a inteligência teórica (testada nos testes de QI), mas com um lado emocional de entender o mundo. Ser crente é ser-se transcendente na inteligibilidade daquilo que, para eles, não é material. 

Sou Ateu, mas acima de tudo sou uma pessoa racional. Como tal, não posso deixar de discordar com este tipo de notícias e até duvido da qualidade estatística destes testes. Tive um professor de Estatística que me ensinou uma lição muito interessante sobre o co-relacionamento entre duas variáveis. Duas variáveis até podem estar estatisticamente co-relacionadas, mas temos que analisar primeiramente, se faz sentido, ou não, meter essas variáveis frente a frente e principalmente, se as conclusões são lógicas. Neste caso em concreto, não me parece. Caso isto vá para a frente, abrimos uma porta sem fim aos possíveis disparates que a mente humana é capaz de imaginar. Seria nesse caso um acto de pouca inteligência começarmos a comparar e a deduzir coisas que não fazem qualquer sentido.

Tenho Amigos crentes. Muitos deles dão cartas nas suas respectivas áreas e certamente com elevados QIs. Em muitas conversas sinto-me como o palhaço pobre desse enorme círculo de amigos, no qual tento sempre aprender qualquer coisa. Não estou aqui a defender ninguém, mas simplesmente a discordar veemente deste tipo de notícias. Não os considero, de todo, com menos capacidades comparativamente a outros Ateus que conheço. Até mesmo na eterna luta de argumentos, religião vs Ateísmo, não vislumbro grandes implicações na operacionalidade do dia-a-dia. Simplesmente, há argumentos que não dão para rebater, pois cada um vê o mundo como quer; mediante a sua aculturação, formação, etc.

Não faz sentido segregar o povo desta forma. A Matemática não devia ser utilizada para este tido de interpretações. A inteligência varia e tem n-variáveis que a determinam – uma delas é a genética, coisa que nada tem a ver com a crença-, mas duvido que uma delas seja a religiosidade, até porque, como se pode medir o impacto de uma coisa na inteligência que não é quantificável?

Será que quem usa cuecas azuis, será mais inteligente de quem não usa cuecas? E quem é mais inteligente, um Benfiquista ou um Portista? Quem tem um cão é mais inteligente comparativamente a quem tem um gato? Não faz sentido, pois não?

Aqui há gato.


3 comentários:

  1. Tão bom. Adorei o estudo. Acho extemamente cientifico. Como os crentes optam por acreditar em algo impossível de provar analiticamente, é óbvio que a sua capacidade analitica não é lá essas coisas. Enquanto se insistir em misturar coisas que não são misturáveis (e eu falo de ciência e religião) vai sempre dar nisto. A minha teoria (não analitica) é a de que a falta de inteligência leva a fanatismo e não o contrário.
    De qualquer das formas acho sempre divertidos estes estudos.

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    1. Nem mais Patrícia. Há coisas que não se misturam. :)
      A ver vamos o que os brindarão estes cientistas.

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  2. Bolas... mas têm mesmo a certeza que não concordam com este estudo tão cientifico?? Estes senhores cientistas fizeram com que fosse a mais esperta lá da rua e só porque sou ateia, é maravilhoso o que se consegue fazer com umas estatísticas e correlações que nada têm a ver!! Vá... Mas sou obrigada, - embora triste por voltar ao meu modesto QI, que não muda nem um pontinho só por não ser crente-, em concordar convosco, a inteligência e a crença estão longe de estarem dependentes.

    Maria Lebre

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