Durante a minha
parca vida, sempre “lutei” contra pessoas que pensam que detêm poderes. Os
poderes religiosos ou místicos tornam-se bizarros quando apontados a pessoas fragilizadas,
carentes de ajuda psicológica, e pela charlatanice. Existiram e existem
grandes ícones nesse ramo tão sombrio como as suas mentes. Não compreendo como
não existe prisão para esta espécie de gente, que pensa ter poderes de um deus,
ao ponto de se sentirem na capacidade de exorcizarem uma pessoa, curar as sezões
do corpo e da suposta “alma” porque têm a certeza que o diabo habita nos nossos
pensamentos.
Já ouvi as mais
descabidas justificações, mas a mais gravosa na minha óptica é: “ As pessoas
sentem-se melhor.”. Faz-me confusão ver, como viver na ilusão nos pode fazer
bem. Pergunto-me; como pode alguém sentir-se melhor ao ser enganada? Ninguém
tem demónios no corpo, temos sim problemas que têm que ser falados, analisados
de outro ponto de vista e ajudado com profissionais do
ramo. Porém, continuaremos a ver pessoas vestidas de negro e de colarinho
branco a vender a salvação a pessoas fragilizadas, enriquecendo e desprezando o
lado emocional das pessoas envolvidas.
Aqui surge Bob
Larson, um evangélico que faz exorcismos a par as suas filhas (totalmente
fúteis e dignas de programas de beleza acerebrada), virgens. Estas quatro
criaturas de deus partiram à aventura para os confins da Ucrânia para expurgar
os demónios dos corpos.
Queria relembrar
que no interior da Ucrânia, a maioria das crianças são violadas pelos pais e
outros familiares e que recaem num silêncio profundo. Pais esses, que foram
jovens alcoólicos, dependentes da droga, etc. Portanto, estamos perante um
padrão de calamidade emocional. Crianças abusadas que se tornam mulheres silenciosas,
homens violentos e de índole perversa, tornam-se alvo do demónio, aos olhos
destes fervorosos evangélicos, e não da conjectura socio-económica da já tão massacrada
Ucrânia.
Neste cenário é
demasiado simples expor a debilidade das pessoas que vivem em silêncios com
mais de 30 anos. Com a cruz encostada à testa e com vozes de expurgação, o
corpo possuído estrebucha, deita cá para fora o que com 30 anos corroía por
dentro as pessoas. O espectáculo é deprimente, mas têm direito a sorrisos
colgate por parte das suas filhas, cabelos arranjados e filmagens para o
Youtube por parte de Bob Larson.
A questão que faço
é a seguinte? Até que ponto é viável este tipo de “cura”, que só dura um dia?
Será o sentimento de injustiça obra do diabo, ou das sociedades?
Se se burlar alguém
é-se preso, mas no que toca a religião tudo é possível, porquê? Cada vez mais
me deparo com um mundo cujas pessoas são relegadas para 2º plano em detrimento
do poder. Como diz uma amiga; “ Nunca vi um país fazer uma guerra pelos
direitos humanos.” Penso que esta guerra religiosa nunca será feita também.
Bob Larson não é mais que um charlatão
evangélico que pensa que pode mudar o rumo da história das pessoas atribuindo o
ónus a um diabo que ninguém vê, que ninguém ouve. Torna-se um espectáculo bem à
americana com as suas 3 filhas ao lado, teenagers, que vivem com as suas
necessidades de afirmação colmatadas com poderes divinos bem ao estilo das Powerpuff
girls.
Constatei que continuam contra o Harry Potter
por causa da feitiçaria. E o que eles fazem, não é … feitiçaria?
Todos presos é que era. Aqui há gato.
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