quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Bob Larson e as suas exorcistas virgens

Durante a minha parca vida, sempre “lutei” contra pessoas que pensam que detêm poderes. Os poderes religiosos ou místicos tornam-se bizarros quando apontados a pessoas fragilizadas, carentes de ajuda psicológica, e pela charlatanice. Existiram e existem grandes ícones nesse ramo tão sombrio como as suas mentes. Não compreendo como não existe prisão para esta espécie de gente, que pensa ter poderes de um deus, ao ponto de se sentirem na capacidade de exorcizarem uma pessoa, curar as sezões do corpo e da suposta “alma” porque têm a certeza que o diabo habita nos nossos pensamentos.

Já ouvi as mais descabidas justificações, mas a mais gravosa na minha óptica é: “ As pessoas sentem-se melhor.”. Faz-me confusão ver, como viver na ilusão nos pode fazer bem. Pergunto-me; como pode alguém sentir-se melhor ao ser enganada? Ninguém tem demónios no corpo, temos sim problemas que têm que ser falados, analisados de outro ponto de vista e ajudado com profissionais do ramo. Porém, continuaremos a ver pessoas vestidas de negro e de colarinho branco a vender a salvação a pessoas fragilizadas, enriquecendo e desprezando o lado emocional das pessoas envolvidas.
Aqui surge Bob Larson, um evangélico que faz exorcismos a par as suas filhas (totalmente fúteis e dignas de programas de beleza acerebrada), virgens. Estas quatro criaturas de deus partiram à aventura para os confins da Ucrânia para expurgar os demónios dos corpos.

Queria relembrar que no interior da Ucrânia, a maioria das crianças são violadas pelos pais e outros familiares e que recaem num silêncio profundo. Pais esses, que foram jovens alcoólicos, dependentes da droga, etc. Portanto, estamos perante um padrão de calamidade emocional. Crianças abusadas que se tornam mulheres silenciosas, homens violentos e de índole perversa, tornam-se alvo do demónio, aos olhos destes fervorosos evangélicos, e não da conjectura socio-económica da já tão massacrada Ucrânia.
Neste cenário é demasiado simples expor a debilidade das pessoas que vivem em silêncios com mais de 30 anos. Com a cruz encostada à testa e com vozes de expurgação, o corpo possuído estrebucha, deita cá para fora o que com 30 anos corroía por dentro as pessoas. O espectáculo é deprimente, mas têm direito a sorrisos colgate por parte das suas filhas, cabelos arranjados e filmagens para o Youtube por parte de Bob Larson.

A questão que faço é a seguinte? Até que ponto é viável este tipo de “cura”, que só dura um dia? Será o sentimento de injustiça obra do diabo, ou das sociedades?
Se se burlar alguém é-se preso, mas no que toca a religião tudo é possível, porquê? Cada vez mais me deparo com um mundo cujas pessoas são relegadas para 2º plano em detrimento do poder. Como diz uma amiga; “ Nunca vi um país fazer uma guerra pelos direitos humanos.” Penso que esta guerra religiosa nunca será feita também.

Bob Larson não é mais que um charlatão evangélico que pensa que pode mudar o rumo da história das pessoas atribuindo o ónus a um diabo que ninguém vê, que ninguém ouve. Torna-se um espectáculo bem à americana com as suas 3 filhas ao lado, teenagers, que vivem com as suas necessidades de afirmação colmatadas com poderes divinos bem ao estilo das Powerpuff girls.

Constatei que continuam contra o Harry Potter por causa da feitiçaria. E o que eles fazem, não é … feitiçaria?


Todos presos é que era. Aqui há gato.

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