terça-feira, 27 de maio de 2014

Ninguém ganha, ninguém perde. Tudo na mesma?



Quando se pensava que as Europeias serviriam para mostrar um cartão amarelo-torrado ao governo, o bom português decidiu ficar em casa. Sim, estão no seu direito, mas não venham agora opinar que o governo é chato, que corta pensões e salários, que gera mais desemprego e emigração, que faz crescer a dívida, ou que aumentará os impostos. A essas pessoas exige-se o silêncio. 66,11% de abstenção mostra que existe muita gente que não se interessa pela democracia nem pelos destinos do país na conjectura Europeia. A Europa cada vez mais agrilhoa os estados. Já não interessa quem manda no país, pois tudo o que vem de Bruxelas, FMI ou BCE é lei. Daí a importância destas eleições.

A vitória do PS foi tangencial: 3,76 pontos percentuais acima da Aliança Portugal pelo que não será fácil as legislativas com um diferencial tão pequeno. Esta vitória tornou-se num murro no estômago de António José Seguro, que do cimo do seu surreal pedestal, pensava que esmagava a Aliança PSD/PP. Claro que, para bem do governo, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas ficam com uma maior margem de manobra, perante estes resultados, fazendo figas – como assim li -, para que o secretário-geral do PS se mantenha em funções.

A minha opinião, nada vale. Não sou comentador político, mas vi nas campanhas, acima de tudo, dirigentes a esgrimir argumentos uns contra os outros, deixando o propósito das eleições Europeias para um segundo plano. Não houve uma alma caridosa que falasse das eleições Europeias, de políticas estruturais para melhorar esta velha Europa e até Paulo Portas com o seu populismo de pessoa abjecta, chamou à pedra o Eng. José Sócrates para relembrar o culpado da situação conjectural que Portugal atravessa. É o tipo de gente que não interessa ao país, na minha opinião. Ainda não conseguiu ultrapassar o facto de que José Sócrates, nada teve a ver com a crise das dívidas soberanas. Está-lhe entalado o José!
Passando à frente: A CDU cresceu, como era de prever. Quando o centro é igual (Pedro Passos Coelho é igual a António José Seguro. Dois carreiristas que nunca mostraram trabalho), os extremos ganham sempre uns votos. A CDU tem muitos eleitores fiéis e isso valeu-lhe o 3º lugar. Quanto ao apresentar uma moção de censura, parece-me até infantil o acto, pois só reforçará a oposição, que fará como sempre fez: Transformará a moção num voto de confiança e arrastará para o “fundo” o PS uma vez mais, que atrás das moções corre.
Depois temos Marinho Pinto que com o seu estilo UKIP, ganhou um lugar na Europa. A ver vamos se se conseguirá fazer ouvir lá fora apontando o dedo como tão ferozmente o faz em Portugal.
Vendo um pouco a floresta tento analisar o estado da Europa. Os extremos sejam de esquerda ou de direita, crescem substancialmente no Parlamento Europeu e o bloco central encolhe a olhos vistos. Mesmo com uma abstenção brutal, a Europa está descontente com o modelo Europeu, que com as Troikas e as políticas de austeridade levaram 25 milhões de pessoas para o desemprego, onde muitas delas, jamais deixarão a pobreza. Portanto, vem aí fogo, com as extremas e independentes a gritarem para que a Europa seja remodelada ou, até mesmo, implodida. E como há fogo, o Sr. Barroso sairá de fininho, talvez para Portugal, pois como de seu apanágio, foge sempre quando a situação está difícil. Pena que o Senhor que ninguém conhece, Van Rompuy não lhe siga, por enquanto, a peugadas.
A França e a Inglaterra, dois pesos pesados da economia, não se vão calar até a moeda cair. Farão trinta por uma linha, para que a Europa não fique igual e que possibilite a saída de alguns países da mesma. Ser Europeu não é para todos, só para quem pode. E segundo estes, os PIGS não podem.
Parabéns à Senhora Merkel, Oliren, Barroso, Van Rompuy, Christine Lagarde que, como cataventos dos grandes interesses económicos, nada fizeram para assegurar o projecto europeu. Com tanto eurocéptico não se adivinham grandes tempos. Lá vem a história dos Nacionalismos e Patriotismos exacerbados, que também são perigosos.


Para quem ficou em casa, está tudo bem. Parece-lhes que, se rebentar qualquer coisa, só será para o lado de Bruxelas, mas olhem que não…

Aqui há gato.

2 comentários:

  1. É triste mesmo 66% de abstenção. Não sei é se concordo contigo quando lhes exiges o silêncio. Compreendo a tua postura mas a democracia e o voto não obrigatório permitem essa ausência. E digo isto porque acho MESMO que a abstenção revela, não uma falta de interesse pelos destinos de Portugal na Europa mas uma total descrença nesta Europa e neste Portugal de politicozinhos que em toda a campanha nunca souberam falar dos seus projectos europeus, da importância de se ser Europa. Fala-se tanto em "mercados", na importância dos "mercados", na forma como "os mercados" nos vêem que na hora de votar… olha que votem os "mercados" porque ir votar em vendedores de banha da cobra não apetece.
    É falta de civismo? Sim, é. É falta de visão? Não sei, sinceramente. Porque a verdade é que a maioria das pessoas não se vê representada por nada nem por ninguém (não é por acaso que o MTP elegeu 2 deputados).
    É triste uma abstenção de 66% mas a verdade é que se os nossos políticos (e principalmente o PS) não souber analisar estes números e mudar radicalmente de postura, então estamos tão, mas tão lixados cá dentro que não há Europa que nos valha.
    Quero acreditar que os resultados destas eleições foram o melhor que podia acontecer a Portugal: foram um cartão amarelo-avermelhado à política, aos partidos e à forma como (não) se faz política por cá.
    E eu fui votar, votei em consciência mas garanto-te que percebo quem lá não pôs os pés.

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  2. Compreendo o que dizes, mas um voto em branco teria um efeito legítimo de quem está descontente com tudo isto. Mas percebo-te... ;)

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