terça-feira, 30 de julho de 2013

As Portas do FaceBook




Se houve estrondosa e desmedida plataforma de comunicação, foi nesta década com a massificação do tão já famoso, FaceBook. Numa experiência agridoce, que durou 5 anos, chega a altura de partir para, quem sabe, um dia voltar com novas ideias, ou novos princípios.
Esta plataforma dá a “conhecer-nos” aos amigos, conhecidos e ao mundo mas, se por um lado agita as chusmas – veja-se a Primavera Árabe - em prol de uma democracia ou um mundo melhor, por outro, rotula-nos para sempre aos olhos de quem nos vê. Um simples “Gosto” pode conotar-nos das inúmeras predefinições de perfis humanos, que todos temos tenuemente nos confins dos nossos preconceitos. Somos tão simples a julgar as pessoas pelas coisas mais evasivas que elas possam ter, levando a cabo a deturpação da pessoa analisada e por fim ao desgaste do relacionamento virtual. “Gosto” passa a ser “de esquerda”, “de direita”, “extremista”, “intolerante”, “tolerante”, “egoísta”, “cabrão”, “meloso”, “psicótico”, “engraçado”, “fanático”, “combativo”, “crente”, “ateu”, “tímido”, “criançolas”, “histriónico”, “extrovertido”, “filho da puta”, “puto da vida”, etc. Um “Gosto”, que devia somente reflectir o que a palavra significa, reveste-se de uma sensação agridoce, ora doce como ursinhos queridos repletos de arco-íris, ora amargo com cabrinhas satânicas aos saltos em cima de crânios esmagados a murro. Com este poder, o FaceBook, eleva a condição humana para um padrão máximo: O Homem não foi feito para comunicar distanciado do Homem, caso contrário, não se perdiam amizades, amores, dignidade e sabe-se lá mais o quê.
Quero alertar para o perigo de julgamentos desmedidos e injustos, sem apelo nem agravo. A parca experiência de vida permite-me concluir – se calhar erradamente – que a escrita não é somente para ser compreendida, mas também para não o ser. Não existe contacto humano que julgue as intenções da palavra e isso poderá dar um poder à palavra escrita que, ela própria, não devia conter. Qualquer pessoa distinta, qualquer “Gosto” um pouco elevado, escolhe os seus auditores; ao escolhê-los fecha a porta ao diálogo e rotula para todo o sempre as nossas “intenções”, como se fosse um analista. Contudo, não somos os “Gostos” que fazemos, não somos as fotos sempre sorridentes que mostramos ao mundo de jantaradas de amigos, não somos as frases pindéricas de sofrimento com um menino a chorar num canto ou, as luxuriantes frases sobre o Amor pintadas sobre seios fartos ou em rabos firmes; somos mais que isto. Claro que as pessoas são muito distintas e nem todas têm comportamentos de “risco”, mas vi tanta coisa descabida.
Gostaria de salvaguardar-me escrevendo que não sou contra o FaceBook, bem pelo contrário, pois foi através dele que estreitei laços e conhecimentos, conheci novas músicas, ri dos inúmeros vídeos, reaproximei-me de pessoas que nunca mais pensei ver e preocupei-me pelas causas do nosso mundo. É preciso ter cuidado com o BigBrother que todos tendencialmente espoletamos em nós. Espreitar é uma coisa, julgar é perigoso.
É caso para dizer: Há gato no FaceBook.

21 comentários:

  1. O problema do facebook está nas pessoas que o usam. Como bem dizes a interação entre humanos foi concebida para ser real, suportada por linguagem verbal e não verbal, por entoações, gestos e silêncios.
    A comunicação à distância, facilitada pelas redes sociais, permite ao ser humano, de forma simples, fingir coisas que não são verdade, exagerar, opinar, criticar. bajular. Tudo à distância de um clique: coisas que jamais se fariam ou diriam pessoalmente. Do outro lado, igualmente,todas as interpretações são possíveis, tudo pode ser distorcido, dependendo do tamanho da imaginação do interlocutor.
    A verdade é que, no mundo real, não é suposto que toda a gente saiba como interagimos com a pessoa do lado. Como diz o ditado, cada um sabe de si.
    Para certos comentários, exclamações ou desabafos existe, quando muito, a mensagem privada e o chat, mas principalmente existe uma mesa de café, um sofá ou um banco de jardim.
    O facebook serve para músicas, vídeos cómicos, tirinhas de BD, fotos desprovidas de conotação privada e informação útil. Não serve para sabermos com quem x namora, de quem é vizinho, com quem se dá bem, quem reencontrou, com quem jogou à bola, com quem jantou fora, de quem tem raiva ao final do dia ou que posição prefere na cama.
    As relações humanas já são suficientemente complexas no plano da vida real, não há necessidade de as complicar ainda mais.

    Ainda bem que, com o facebook, podemos fazer o que é impossível na vida real - encerrá-lo guardando apenas as coisas que nele fizeram sentido.

    Como companheira destas lidas, bom regresso à blogosfera e beijinhos. O resto, só numa mesa de café.

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    1. Sofia, concordo a 100%. Acho que a seguinte frase; “Do outro lado, igualmente, todas as interpretações são possíveis, tudo pode ser distorcido, dependendo do tamanho da imaginação do interlocutor.”, Faz bem o resumo da dificuldade de qualquer sistema virtual. Mas é engraçado que as interpretações são “quase” sempre para o lado negativo. Hei-de aprofundar este Porquê.

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  2. Welcome and...

    ...Skype / messenger sucks! (Bom bom era o mIRC) :P

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    1. LOL. Sim o MIRC é que era. Falávamos e, se não gostássemos... KICK! Para casos mais extremos, KICK/BAN. Those were the days… :)

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    2. Damn, não sou desse tempo :p tinha fraldinha ainda! LOLOL

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    3. /me slaps leibnitz with a big trout

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  3. Boas. O FaceBook (Fb), como tudo, tem um lado positivo e outro negativo, mas tudo depende do utilizador - só se expõe em demasia quem quer. Há algumas opções de privacidade; podes definir quem queres que veja determinado "post", individualmente, ou através da criação de listas (atenção que uma vez alterado, o Fb guarda esta alteração para os futuros "posts"). Em relação aos "Gosto" também tens a opção de não o(s) fazer. Podes também proibir a visualização do teu perfil a pessoas que não são tuas "amigas" (minimizando assim o risco de julgamentos alheios).

    Em relação ao IRC, se estão tão saudosos, porque é que não o voltam a usar? ele ainda existe, e concordo que é o melhor "chat" (posso dizer que eu ainda o uso). Abraço

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    1. Jeff tu és mesmo do engata IRC. Assim é que é, sempre oldschool... :) Tens razão no que dizes... Abraço.

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  4. A tua foto de perfil, arrebenta-me a cabeça. 5 stars ;)

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  5. Tirei em minha casa com o meu gato. :) Obrigado.

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  6. Acho que ele está a falar da foto do ursinho de peluche malandro :p

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    1. Queridos... Com ideias sangrentas...

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    2. "Fico a olhar-te enquanto tomas o duuucheee, sei que sou queridinho, mas tenho ideiiias sangrentas..."

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  7. São :p nada ferozes, nada agressivos. Peluchinhos realistas ;)

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  8. http://www.youtube.com/watch?v=HqYAyBNk16A

    E como é que eu mostro pérolas como esta?? :)

    Beijinhos!

    Ana Margarida

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    1. Ana, está de chorar a rir!! É caso para dizer.."F0(i)Deu(s)" LOl :P

      Ps: @Vasco: Parabéns pelo blog. É um prazer ler o que escreves, seja no FB ou num blog. ;)

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    2. Ana, que maravilha! Sem dúvida que há muita gente a precisar de um bom copo de whisky. Sempre é menos ridículo. Adorei o pastor que levou um murro :). Às vezes o diabo anda à solta né?
      Beijocas grandes.

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